"São pensamentos soltos traduzidos em palavras Pra que você possa entender O que eu também não entendo"

Concordei com o 'compromisso ético' do blog da Dora (caffe bar) e por isso pretendo praticá-lo aqui.
Assim o farei: todo texto que não for meu estará em BRANCO e com a possível referência. Os meus textos estarão coloridos, como gosto de postá-los.

Se gostou, divulgue. Mas indique a fonte.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Números Negativos


Hoje, voltando do curso que faço no centro de Niterói, presenciei uma cena dentro do ônibus que não pode ser só mais uma. Um casal que estava dois ou três bancos a minha frente simplesmente atirou pela janela uma garrafa de água. O fizeram na direção dos carros que vinham na mão contrária e por isso a garrafa bateu com toda força em cima de um capô. Como o ônibus estava em movimento, nada aconteceu com o casal, nenhuma reprimenda. Admito que fui acometida na hora de uma vontade louca de ir reclamar com eles, porém, percebi que seria patético da minha parte virar justiceira dentro do ônibus, até porque os fulanos agiram na maior naturalidade tais quais os outros passageiros.

Não é preciso ser fiscal da natureza ou engenheira ambiental para saber a tamanha falta de educação, além do desrespeito com o ambiente público, que é atirar uma garrafa pela janela. Eu não sou do tipo que levanta bandeira ambientalista, mas entulho minha bolsa de papéis e plásticos de todo o tipo na tentativa de não piorar ainda mais a situação das ruas da cidade onde vivo. A situação toda me deixou tão incomodada que me fez olhar fixamente para o casal tempo suficiente para ficar sem graça. Não eles, mas eu, visto que os dois não davam a mínima para o acontecido.

Fiquei vagueando com os porquês de tanta indiferença, ou seria tanta diferença de pensamento, de atitude... Sou levada a acreditar que é a ignorância. Não falo como forma de menosprezar ninguém. Refiro-me a falta de uma educação básica, até mesmo cultural, que nos faz enxergar o óbvio. Aquela educação que nos diferencia das populações que na Europa Medieval jogava seus esgotos no meio da rua ou sequer lavava as mãos.

O que me espanta é que em todo jornal, revista, noticiário, são apresentados números de crescimento da educação no nosso país. A olhos nus é possível perceber a melhoria sócio-econômica. Mas parece que o que atingiu o bolso não conseguiu atingir com o mesmo impacto a educação, de forma a gerar uma consciência cidadã. Ainda que os números de analfabetos tenham caído significativamente nas últimas décadas, será que temos educado novos cidadãos, pessoas que exerçam uma leitura crítica de onde estão inseridas?

É essencial que nos enxerguemos partes integrantes e atuantes dentro da sociedade. O papel da educação também é fazer com que possamos entender a dimensão das atitudes que tomamos e como elas se refletem em nós mesmos. Será que somos sujeitos tão passivos assim? Não devíamos. Talvez o investimento das políticas públicas nas últimas décadas tenha sido voltado para uma educação técnica demais, talvez a sociedade tenha de certa forma optado por isso. Porém, se só nos preocupamos em torcer as porcas e os parafusos, não teremos tempo para ler os manuais.

Até quando culparemos os outros pelas sujeiras das nossas ruas, pela falta de estrutura das universidades, pela violência ou pela corrupção? Afinal quem anda nas ruas? Quem estuda nas universidades? Quem paga impostos? Quem consome? Quem escreve na rede mundial? Quem vota? Nós, enquanto pessoas, eleitores e cidadãos somos responsáveis.

É preciso acreditar na educação como meio eficiente para alcançar melhoria social, política e econômica. Todavia, não é essa crença que se vê nas camadas mais carentes da população. Em uma pesquisa divulgada na Folha de São Paulo (26/01/2008) dos 1,7 milhão de jovens entre 15 e 17 anos que abandonaram os estudos, quatro em cada dez dão como causa a perda do interesse ou a não convicção de que a escolaridade os ajudaria a conquistar um bom emprego. Quanto menos informados, quanto menos educados, mais servimos para engordar números negativos.

...e a cidade continua suja.

3 comentários:

  1. Olá querida! Obrigada por ter ido no meu blog! Seja bem-vinda!
    Já sigo o teu, bjus!

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  2. é amiga,
    esse é um assunto que rodeia os meus dias diariamente já que é minha área de estudo.Existem duas vertentes nessa história:ao passo que existem pessoas estudando muito para minimizar os impactos ambientais ,existe um grupo de pessoas como o casal que vc cita no texto.Pessoas que não estão nem aí.E pior:estão educando seus filhos a fazerem o mesmo.Se é que isso se chama de educação.
    Penso que a ignorancia dessas pessoas vai muito mais além.é sempre muito mais fácil cobrar atitudes dos outros.Neste caso o governo...Errado!a atitude começa na nossa casa, em cada um de nós.

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  3. isso também me revolta e muito!!! a maioria dos onibus tem lixeira! podia ter até causado um acidente.

    na praia é a mesma coisa! no fim do dia está uma nojeira, ngm pode levar um saco plástico ou juntar seus lixos num canto p dps jogar fora!

    Concordo com Danielle acima, falta uma educação que vem de casa, ou melhor, que vem de nós mesmos, falta pensar, sei lá, as pessoas nao pensam e só reclamam. Mas acho que a educação pode melhorar. Eu já produzi atividade de leitura em língua inglesa que fala sobre isso e práticas de reciclagem.

    Precisamos continuar indignados enquanto existir práticas assim!

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