"São pensamentos soltos traduzidos em palavras Pra que você possa entender O que eu também não entendo"

Concordei com o 'compromisso ético' do blog da Dora (caffe bar) e por isso pretendo praticá-lo aqui.
Assim o farei: todo texto que não for meu estará em BRANCO e com a possível referência. Os meus textos estarão coloridos, como gosto de postá-los.

Se gostou, divulgue. Mas indique a fonte.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Frase da Semana


Incrível como algumas coisas deixam marcas, e até parece que foram marcadas à ferro, porque você ainda as sente.”Caio F. Abreu

Algumas coisas insistem,  e isso é bom. Insistem em estar no mesmo lugar,  insistem em fazer-nos sentir a mesma coisa, insistem em ter o mesmo sabor doce. Algumas pessoas também. Parece-me um sinal de que o lugar delas é bem ali, bem por perto. É como acordar de manhã e saber que suas coisas estão em volta, seus livros, sua estante, suas meias, nada foi retirado do seu devido lugar. Isso conforta, injeta uma espécie de segurança  na vida e permite levar a cabeça tranquila ao travesseiro, ainda que para algum desapercebido isso seja bobagem.

domingo, 23 de outubro de 2011

Passarinho

Uma menina ganhou um passarinho em seu aniversário, era um momento de tanta festa e alegria que sequer deu atenção ao pobre animalzinho. Na manhã seguinte pôde se redimir, fazendo dele seu mais novo amigo.
Após alguns dias, entre um cantarolar e outro, sentiu-se incomodada com a situação do pequeno, pois o havia ganhado em uma gaiola muito apertada, certamente ele não seria feliz ali. Decidiu então comprar-lhe uma gaiola  maior e continuou a cuidar dele pessoalmente, dia-a-dia, esse era seu maior encantamento.
Dançava ao som de seu canto e ouvia-o de qualquer cômodo da casa. Porém, com o passar do tempo, também aquela gaiola que comprou e pareceu um dia tão apropriada, já não era mais. O espaço entre as grades massacrava o coração da pobre menina, e apesar dele jamais ter se queixado - fosse debatando-se contra as grades ou emudecendo seu canto- ela estava decidida a lhe proporcionar algo melhor.
Em uma noite sonhou que o via no jardim, logo quando acordou a idéia estalou: faria para ele um viveiro e assim ela se sentiria mais feliz. Construído o viveiro, seus olhos, atentamente fixados nele, refletiam como ela o amava. Foram dias radiantes.
Ele mantinha seu canto e voava tranquilamente para onde queria. Ela passava todos os dias com ele no jardim, mas não conseguia cantar como ele, nem voar como ele, achava que as telas a atrapalhavam. Também o eco causado pela cobertura a incomodava, e a falta de luz que lhe parecia uma constante era terrível.
Aos poucos, o cativeiro não mais parecia agradável a ela. Crescia uma angústia em seu peito sempre que o via. Para ela seria bem mais fácil se ele demonstrasse incômodo, cortando a tela com o bico ou até mesmo tirando as próprias penas, assim, ela teria certeza do que fazer.
Mas não era isso, ele bebia e voava, comia e cantava, apesar dela não mais dormir. Estática a noite inteira, seus olhinhos de menina enchiam-se de sono em vão, pois não conseguia sossegar.
Numa tarde, passou horas sentada frente àquela clausura, ouvindo o canto que mais gostava. Durante uma pausa de seu amigo se convenceu da decisão mais acertada. Levantou-se e abriu uma pequena portinha que havia entre as telas, era o local de colocar o alimento dele. Ela não exitou em sair correndo, precisava ter certeza de que não erraria, permitindo a ele o que precisava. 
Naquela noite de liberdade a menina teve os sonhos mais lindos que já lhe haviam ocorrido. 
Acordei hoje com uma sensação de que estou guardando muita coisa sem necessidade. Nas prateleiras e armários amontoam-se pedaços e até coisas inteiras sem qualquer utilidade. E parece-me que esta situação perpetua-se por toda parte, são coisas e pessoas, pessoas-coisas que insistem em não me servir pra nada. Sinto que está na hora da limpeza. Afinal, chega uma hora que não dá mais pra carregar nas costas, é preciso que tudo siga lado a lado.

domingo, 3 de julho de 2011

"Confesso que ando muito cansada, sabe? Mas um cansaço diferente. Um cansaço de não querer mais reclamar, de não querer pedir, de deixar as coisas acontecerem." (Caio Fernando Abreu)

terça-feira, 14 de junho de 2011

Nas nuvens

Quando estou nas nuvens ou pisando em ovos, meu desejo mais urgente é a terra firme. Posto que não quero me sentir livre. Nunca quis, tanto como agora, pertencer.


Meus olhos que buscavam os campos e refletiam o mar, agora se encantam com os cantos das quatro paredes nossas de cada dia. E com a possibilidade da beleza eterna da sua companhia eu me pego a sonhar acordada.


Digo adeus às efemeridades da solidão errante e digo amém à cumplicidade rotineira das mãos dadas. Ainda que cedo, quero me empenhar em coar os problemas junto com o café. Às tardes me ponho a bordar nosso conto de fadas. Eu que nunca gostei de casinha, passo a desejar ser a princesa encantada.


Depois, vou pedir baixinho: não me deixe sozinho, vá somente até onde seus olhos se lembrem de mim. E quando a noite chegar, nos seus ouvidos eu prometo que vou contar histórias para te ver dormir.

sábado, 21 de maio de 2011

Agora entendo que algumas pessoas passam por nossas vidas e deixam marcas tão belas que desejamos estar com elas, mesmo que não ao lado, mas sempre que possível, por perto. Sem incomodo, nem apelação, apenas internamente. Aplaudindo-as ainda que do fundo da platéia, onde os olhos brilhantes não nos possam alcançar. Não por paixão ou saudade, mas por carinho e admiração. Como forma de agradecimento aos bons momentos e ao bem-querer que nos fora ofertado. É uma forma de dizer baixinho: obrigado.
"Não que tenhamos perdido a humanidade, o encanto e calor que era fácil de ser alcançado por nossos ancestrais; antes, é que nossas dificuldades são um tipo que só em raras ocasiões podem ser curadas ou aliviadas pela partilha de sentimentos, mesmo os mais calorosos. Os sofrimentos que costumamos experimentar a maioria das vezes não se somam e portanto não unem suas vítimas. Nossos sofrimentos dividem e isolam, nossas misérias nos separam, rasgando o delicado tecido da solidariedade humana."(BAUMAN. Em busca da política)
Depois de ler isso, precisei ouvir a música do Bob Marley "Could you be loved".