"São pensamentos soltos traduzidos em palavras Pra que você possa entender O que eu também não entendo"

Concordei com o 'compromisso ético' do blog da Dora (caffe bar) e por isso pretendo praticá-lo aqui.
Assim o farei: todo texto que não for meu estará em BRANCO e com a possível referência. Os meus textos estarão coloridos, como gosto de postá-los.

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domingo, 23 de outubro de 2011

Passarinho

Uma menina ganhou um passarinho em seu aniversário, era um momento de tanta festa e alegria que sequer deu atenção ao pobre animalzinho. Na manhã seguinte pôde se redimir, fazendo dele seu mais novo amigo.
Após alguns dias, entre um cantarolar e outro, sentiu-se incomodada com a situação do pequeno, pois o havia ganhado em uma gaiola muito apertada, certamente ele não seria feliz ali. Decidiu então comprar-lhe uma gaiola  maior e continuou a cuidar dele pessoalmente, dia-a-dia, esse era seu maior encantamento.
Dançava ao som de seu canto e ouvia-o de qualquer cômodo da casa. Porém, com o passar do tempo, também aquela gaiola que comprou e pareceu um dia tão apropriada, já não era mais. O espaço entre as grades massacrava o coração da pobre menina, e apesar dele jamais ter se queixado - fosse debatando-se contra as grades ou emudecendo seu canto- ela estava decidida a lhe proporcionar algo melhor.
Em uma noite sonhou que o via no jardim, logo quando acordou a idéia estalou: faria para ele um viveiro e assim ela se sentiria mais feliz. Construído o viveiro, seus olhos, atentamente fixados nele, refletiam como ela o amava. Foram dias radiantes.
Ele mantinha seu canto e voava tranquilamente para onde queria. Ela passava todos os dias com ele no jardim, mas não conseguia cantar como ele, nem voar como ele, achava que as telas a atrapalhavam. Também o eco causado pela cobertura a incomodava, e a falta de luz que lhe parecia uma constante era terrível.
Aos poucos, o cativeiro não mais parecia agradável a ela. Crescia uma angústia em seu peito sempre que o via. Para ela seria bem mais fácil se ele demonstrasse incômodo, cortando a tela com o bico ou até mesmo tirando as próprias penas, assim, ela teria certeza do que fazer.
Mas não era isso, ele bebia e voava, comia e cantava, apesar dela não mais dormir. Estática a noite inteira, seus olhinhos de menina enchiam-se de sono em vão, pois não conseguia sossegar.
Numa tarde, passou horas sentada frente àquela clausura, ouvindo o canto que mais gostava. Durante uma pausa de seu amigo se convenceu da decisão mais acertada. Levantou-se e abriu uma pequena portinha que havia entre as telas, era o local de colocar o alimento dele. Ela não exitou em sair correndo, precisava ter certeza de que não erraria, permitindo a ele o que precisava. 
Naquela noite de liberdade a menina teve os sonhos mais lindos que já lhe haviam ocorrido. 

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